quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Eu quero um poema rude

Um morfema
Com todos os acentos, tremas e tépidas
Eu quero um poema arrancado de ti
Com nacos de couro e pedaços de medo

Eu quero um poema rude
Um poema que te impeça de dormir
E se pareça com um jarro de vômito embalando tua ressaca

Eu quero um poema de punhal na carne
Que te penetre com força
No ventre
Machado
No teu cerne
E um berne na tua face, bem no meio da tua face

Eu quero um poema rude
Um poema que tu digas excessivamente que é áspero
Para que te responda simplesmente:
“Escuta o tingir de ferros, tuas algemas.”

(Manuel Cavalheiro)


É com prazer que resgato este poema entre folhas velhas do diário de Manuel Cavalheiro, quase em estado de decomposição. Eu não tenho autorização para posta-lo aqui, mas não deixaria estas palavras  cruas em forma de arte serem enterradas com o tempo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

“[...] O curioso era a lua, a única coisa bonita no meio do caos, brilhava muito e iluminava todo o canto, todo beco, toda destruição. Foi quando percebi que ela estava procurando desesperadamente por alguém, alguém que assim como ela desperta sentimentos fortes em quem a observa, ilumina todo o caminho por onde passa, inspira a mente mais vazia e é tão única, tão bela e tão grandiosa que nenhum filósofo, cientista ou astrônomo conseguiu decifrar como ou porque essa coisa tão enigmática foi parar logo aqui, perto da terra, planetinha insignificante. Bom, a lua pode se acalmar que já encontrei sua filha perdida. Eu te amo Sauara Blotta."

(Cícero Cavalheiro)